sexta-feira, março 20, 2015

OPINIÃO: UM QUARTO DE HOTEL CINCO ESTRELAS, MAS O ATENDIMENTO....


Quando meu pai (in memorian)  apresentou um grave problema de saúde (que o levaria nove meses a óbito), tivemos que às pressas levá-lo para a capital pernambucana (como sempre).
Lá, ele foi internado num Hospital do IPSEP, mantido pelo convênio dos servidores do estado, (hoje o cambaleante SASSEPE). Não foi difícil conseguir uma vaga para ele, mesmo sendo um dependente do titular, o que atualmente para se conseguir você enfrenta uma via-crúcis.
O leito onde ele ficou acomodado apresentava em suas condições físicas uma situação um tanto degradante e desanimadora, para quem saiu do interior a 680 quilômetros, e esperava encontrar um mínimo de conforto.
Não tinha. As paredes do quarto que ficava a mais de um andar do prédio, podia se avistar dali o pátio onde ficavam os doentes ao sol, estavam todas deterioradas, e a pintura descascada mostrava um  aspecto de sujeira, que de forma impactante demonstrava desprezo com quem viajara de tão longe, para fazer um tratamento doloroso e se via num cenário desolador.
Saira de Araripina já desiludido e desenganado, mas aqui o leito do quarto que estava internado parecia uma suíte de hotel de luxo. Ar-condicionado, televisão com sinal de parabólica, paredes e pisos que pareciam espelhos, comida boa, visita a toda hora, tudo que um paciente debilitado precisa para se recuperar. Ledo engano.
- Seu Antonio, a Assistente Social vai conversar com o senhor. – Seu Antonio, o senhor vai passar agora pelo pneumologista. – Seu Antonio, o Clínico Geral vai encaminhá-lo para o especialista – Seu Antonio, a enfermeira vai conduzir o senhor ao laboratório do hospital para realizar alguns exames.
Não posso descrever em detalhes todo o tempo que meu pai ficara no Hospital do IPSEP, até porque o estado dele estava avançando para uma gravidade, por motivo de o problema ter sido diagnosticado tarde demais. Mas a rotina era a descrita acima. A Assistente Social pedira desculpas pelas acomodações dizendo que no interior do Estado,  os pacientes eram internados em quartos amplos e aconchegantes, mas faltavam-lhe o principal: a assistência médica.
Mesmo passando por triagem, contratempos, filas intermináveis, o cansaço da distancia percorrida, os mesmos dilemas que são enfrentados pelos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS, a mesma história eu ouvira atualmente para então contar que, não precisamos somente de aparência, precisamos ser tratados como gente.
O nosso sertão do Araripe, além da insegurança e outros problemas que há décadas vem sendo empurrados com a barriga, a saúde é um dos principais gargalos que precisa ser resolvido com urgência. Não são mais admitidos fatos recorrentes como o de crianças que nascem mortas, gestantes que fazem o pré-natal e na hora de parir falta o profissional médico para assisti-la, pessoas traumatizadas que precisam ser removidas para outras cidades, muitas vezes passam horas em cima de uma maca se corroendo em dores, enfim.
Esse tem sido o nosso dilema e não é de agora. Defender instituição A ou B, é até uma questão de bom senso e de valorizar a quem sempre nos prestaram serviços importantes, agora precisamos de uma entidade, uma associação, uma união, para saber com que racionalidade os recursos públicos injetados no município estão sendo gastos. Já que seria uma atividade do Conselho Municipal de Saúde (se este funciona), da Câmara de Vereadores, e não tem sido cumprido o papel com mais transparência e mais lisura, as pessoas precisam saber com mais profundidade a questão, para também não serem injustas com quem não devem.
Esse papel agora também cabe a nossa representante estadual – a Deputada Socorro Pimentel (PSL), que além de ser médica, tem o compromisso de ser a voz tanto do povo Araripinense como do povo Araripeano, para que a mesma história não seja sempre repetida.
A SAÚDE tem estado doente aqui e no Araripe, e quem precisa não pode esperar tanto. 10 dias, 20 dias, 30 dias, só mesmo os insanos e insensíveis, que tem sempre a disposição todo um aparato caso precise, pode dizer uma asneira dessas. Agora mesmo enquanto escrevo, necessitamos dessa urgência no atendimento, mas os velhos entraves sempre são os mesmos para quem precisa do PLANO SUS.

Ô POVINHO SOFREDOR.

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